Arquivos do Autor: pedras2012
A Rua do Benformoso (Lisboa) e o Carrer d’en Robador (Barcelona)
| Mouraria “Bairro sujo e mal afamado ‘prenhe de tradições assassinas e devassas’, com as ruas manchadas de sangue, onde o vício teve templos. Verdadeiro, ‘quartel general dos rufiões e desordeiros, infestado de mulheres de má fama, de botequins e
A Rua do Benformoso (Lisboa) e o Carrer d’en Robador (Barcelona)
| Mouraria “Bairro sujo e mal afamado ‘prenhe de tradições assassinas e devassas’, com as ruas manchadas de sangue, onde o vício teve templos. Verdadeiro, ‘quartel general dos rufiões e desordeiros, infestado de mulheres de má fama, de botequins e
Bubuia ruabarrosdequeirosqueirosdebarrosrua
Não foi aprender que estive neste último ano. Foi saborear. É a palavra mais perto do que estou a fazer, saborear, como a aquela mão me disse à uns meses, ela disse-me saborear a vida, o café, a finesa da
Bubuia ruabarrosdequeirosqueirosdebarrosrua
Não foi aprender que estive neste último ano. Foi saborear. É a palavra mais perto do que estou a fazer, saborear, como a aquela mão me disse à uns meses, ela disse-me saborear a vida, o café, a finesa da
e entretanto o mercado dança
a dona piedade continua sózinha se não formos lá e precisava de uma torneira de água quente mas afinal os tantos projectos para a mouraria acabaram por não conseguir ainda pôr a funcionar uma das coisas que fazia parte mesmo
e entretanto o mercado dança
a dona piedade continua sózinha se não formos lá e precisava de uma torneira de água quente mas afinal os tantos projectos para a mouraria acabaram por não conseguir ainda pôr a funcionar uma das coisas que fazia parte mesmo
lisboa desde o olho do vento
volto a lisboa pelo alto da ponte depois de dias selvagens só mar e lagoa e flamingos e silêncio e vento e corpo descalço sem precisar de nada, só ser. lisboa pisca-me o olho deitada para dentro do rio. é
lisboa desde o olho do vento
volto a lisboa pelo alto da ponte depois de dias selvagens só mar e lagoa e flamingos e silêncio e vento e corpo descalço sem precisar de nada, só ser. lisboa pisca-me o olho deitada para dentro do rio. é
Sabão e Não
A minha mãe e irmã estão a fazer sabão caseiro. Lembrei-me e aprendi que no encontro do azeite com o hidróxido de sódio acontece sabão. Eu sou uma imensidão de infinitos. No encontro dos encontros infinitos acontece eu. Eu e
Sabão e Não
A minha mãe e irmã estão a fazer sabão caseiro. Lembrei-me e aprendi que no encontro do azeite com o hidróxido de sódio acontece sabão. Eu sou uma imensidão de infinitos. No encontro dos encontros infinitos acontece eu. Eu e
corpo sóbrio
Estes dias apareceu-me esta vontade de falar de uma certa forma de juntar o corpo que me apareceu com o nome de sobriedade… este corpo sóbrio é-o no sentido de que não sobra nem falta, tem o que é necessário
corpo sóbrio
Estes dias apareceu-me esta vontade de falar de uma certa forma de juntar o corpo que me apareceu com o nome de sobriedade… este corpo sóbrio é-o no sentido de que não sobra nem falta, tem o que é necessário
esta é a história da carne com osso na garganta que lhe deu a voz de nojo
tenho estado com ela sempre de fugida este ano, anda sem dentes e já não se arranja toda bonita como no ano passado, o marido está cada vez pior, ela só vem ao centro de dia buscar a comida e
esta é a história da carne com osso na garganta que lhe deu a voz de nojo
tenho estado com ela sempre de fugida este ano, anda sem dentes e já não se arranja toda bonita como no ano passado, o marido está cada vez pior, ela só vem ao centro de dia buscar a comida e
solidão acompanhada
escutar implica caminhar na atenção. se eu puder caminhar sem fazer meu o caminho—–sem me apropriar—-. se eu puder largar sem abandonar—-sem colapsar—. chegar-deixar chegar, talvez para alguns de nós seja mais ajustado dizer deixar chegar-chegar. onde escuto esse deixar?
solidão acompanhada
escutar implica caminhar na atenção. se eu puder caminhar sem fazer meu o caminho—–sem me apropriar—-. se eu puder largar sem abandonar—-sem colapsar—. chegar-deixar chegar, talvez para alguns de nós seja mais ajustado dizer deixar chegar-chegar. onde escuto esse deixar?
e também sou prostituta, boa mãe e gosto do que sou,e tu?
é possível viver junto mais-que-um mas é preciso coragem para atravessar tanta falsidade e sede de controlo. vamos então eliminar a prostituição?acabar com a toxicodependência? criar uma cidade mais limpa,mais mágica, mais competitiva? também podíamos acabar de vez com a
e também sou prostituta, boa mãe e gosto do que sou,e tu?
é possível viver junto mais-que-um mas é preciso coragem para atravessar tanta falsidade e sede de controlo. vamos então eliminar a prostituição?acabar com a toxicodependência? criar uma cidade mais limpa,mais mágica, mais competitiva? também podíamos acabar de vez com a
a canção do rosa velho, continuação
ó rosa dá-me um beijinho/que é bonito e sabe bem/um abraço com carinho/muita conversa também//isaura está a fazer malha/tic-tic-tic-tricot’a lã/não há cá zanga que a valha/é uma roupinha pra cada manhã//alexandre num cantinho/sempre com muit’atenção/dança agora este passinho/traz a ilda
a canção do rosa velho, continuação
ó rosa dá-me um beijinho/que é bonito e sabe bem/um abraço com carinho/muita conversa também//isaura está a fazer malha/tic-tic-tic-tricot’a lã/não há cá zanga que a valha/é uma roupinha pra cada manhã//alexandre num cantinho/sempre com muit’atenção/dança agora este passinho/traz a ilda
plantar dinheiro
como é que se geram recursos? um dia em vez da troca directa tivemos esta ideia de criar uma “coisa” que nos permitisse abrir o delay entre o desejo-necessidade e o ter. talvez pelo caminho tenhamos passado a usar essa
plantar dinheiro
como é que se geram recursos? um dia em vez da troca directa tivemos esta ideia de criar uma “coisa” que nos permitisse abrir o delay entre o desejo-necessidade e o ter. talvez pelo caminho tenhamos passado a usar essa
a fúria dos sonhadores, criadores de mudança
quando chego ao fim de julho, antes de aligeirar…olho para o caminho, para as marcas nas pernas, para a forma dos braços, para a grossura da pele, para as paisagens que me povoam os sonhos, para os saltos de irritação,
a fúria dos sonhadores, criadores de mudança
quando chego ao fim de julho, antes de aligeirar…olho para o caminho, para as marcas nas pernas, para a forma dos braços, para a grossura da pele, para as paisagens que me povoam os sonhos, para os saltos de irritação,
cruzamentos lisboa-sp. Sp.lisboa,
dos trânsitos que põe a pensar menina do interior, quando chega em são paulo fica numa espécie de estado de susto. roubam-lhe o tempo? imperativo contemporâneo, o tempo que escoa, rápido, por entre milhares de fazeres. fazer dinheiro,
cruzamentos lisboa-sp. Sp.lisboa,
dos trânsitos que põe a pensar menina do interior, quando chega em são paulo fica numa espécie de estado de susto. roubam-lhe o tempo? imperativo contemporâneo, o tempo que escoa, rápido, por entre milhares de fazeres. fazer dinheiro,
rua da mouraria a ver a televisão dos pobres
viemos de casa de quem está sozinho. desde a chegada em que o corpo zombie parecia nem ter cor até que saímos para o sol queimante já com abraços e risadas, atravessámos histórias encarocaladas umas nas outras— do zé do
rua da mouraria a ver a televisão dos pobres
viemos de casa de quem está sozinho. desde a chegada em que o corpo zombie parecia nem ter cor até que saímos para o sol queimante já com abraços e risadas, atravessámos histórias encarocaladas umas nas outras— do zé do
Estar juntos acreditar, inventar e criar…
Viver junto com outras pessoas, ser mais que um é realmente muito complexo. E é incrível como pode ser rápido o movimento de olhar para essa complexidade deixando-se levar por uma conclusão de que esta complexidade é algo imóvel, que
Estar juntos acreditar, inventar e criar…
Viver junto com outras pessoas, ser mais que um é realmente muito complexo. E é incrível como pode ser rápido o movimento de olhar para essa complexidade deixando-se levar por uma conclusão de que esta complexidade é algo imóvel, que
para conversar é preciso praticar conversar
para estacom é preciso praticar estarcom. ontem estava a estudar os tecidos do corpo e dei comigo numa questão que a dança me tem revelado muitas vezes: não é o dna que determina o comportamento da célula, isso é apenas
para conversar é preciso praticar conversar
para estacom é preciso praticar estarcom. ontem estava a estudar os tecidos do corpo e dei comigo numa questão que a dança me tem revelado muitas vezes: não é o dna que determina o comportamento da célula, isso é apenas
rua de barros queirós, entre o largo de são domingos e a boca da mouraria
estamos sentados frente à ginginha nuns degarus altos da casa da prosperidade, agora chinesa e que já foi a mariazinha dos cafés e um restaurante afamado. pendurei o saco numa tabuleta de ferro que diz”siga pela direita”, espero que não
rua de barros queirós, entre o largo de são domingos e a boca da mouraria
estamos sentados frente à ginginha nuns degarus altos da casa da prosperidade, agora chinesa e que já foi a mariazinha dos cafés e um restaurante afamado. pendurei o saco numa tabuleta de ferro que diz”siga pela direita”, espero que não
a dançar na rua entre a mouraria e o largo de são domingos
enquanto me dedico a habitar o espaço público acompanho a tua ginástica de passante, na relação que vais tecendo com a minha presença. muitas vezes este corpo se faz invisível, informe, não identificável—isso impossibilita o reconhecimento de sinais que tu
a dançar na rua entre a mouraria e o largo de são domingos
enquanto me dedico a habitar o espaço público acompanho a tua ginástica de passante, na relação que vais tecendo com a minha presença. muitas vezes este corpo se faz invisível, informe, não identificável—isso impossibilita o reconhecimento de sinais que tu
calçada de lá, embaixo dos carros, rua dos fanqueiros
um aspecto interessante de não ter estado a acompanhar durante meses a constituição da rota e dos trabalhos que desaguam no pedras d’agua foi a surpresa. nalguns momentos pude mesmo estar numa atmosfera quase de alguém que passa e
calçada de lá, embaixo dos carros, rua dos fanqueiros
um aspecto interessante de não ter estado a acompanhar durante meses a constituição da rota e dos trabalhos que desaguam no pedras d’agua foi a surpresa. nalguns momentos pude mesmo estar numa atmosfera quase de alguém que passa e
copiar
o gesto da cópia—quando tinha 6 anos meu avô esteve uma tarde inteira comigo ensinando-me a caligrafia do seu querido século XIX, quando cheguei à escola no dia seguinte fiquei de castigo à janela com umas orelhas de burro porque
copiar
o gesto da cópia—quando tinha 6 anos meu avô esteve uma tarde inteira comigo ensinando-me a caligrafia do seu querido século XIX, quando cheguei à escola no dia seguinte fiquei de castigo à janela com umas orelhas de burro porque
subjectividades….
não consigo falar, escrever, logo após os acontecimentos só consigo ver os destroços que o vendaval deixou mas quando recupero alguma tranquilidade, algum bom senso (porque como diria o meu pai falando do juízo, eu bom senso tenho, é é
subjectividades….
não consigo falar, escrever, logo após os acontecimentos só consigo ver os destroços que o vendaval deixou mas quando recupero alguma tranquilidade, algum bom senso (porque como diria o meu pai falando do juízo, eu bom senso tenho, é é
fragmentos 1, em torno do pedras dágua no exercício micropolítico
tenho cá, já no brasil após 8 dias em lisboa, uma escrita fragmentária. pensamentos fragmentados que não precisam encontrar uma unidade. minhas ultimas horas no c.e.m se deram numa conversa intensa, que é pós, e ainda é festival pedras dágua.
fragmentos 1, em torno do pedras dágua no exercício micropolítico
tenho cá, já no brasil após 8 dias em lisboa, uma escrita fragmentária. pensamentos fragmentados que não precisam encontrar uma unidade. minhas ultimas horas no c.e.m se deram numa conversa intensa, que é pós, e ainda é festival pedras dágua.
una carta de adriana
queridas y queridos ya estoy de vuelta-revuelta, aprendiendo siempre a volver. a salir y entrar. a ir, volver, volverme a ir, quedarme, salir. lisboa siempre es un regalo, pero el pedras ha sido especialmente-especial. la espectacularidad no espectacular de lo
una carta de adriana
queridas y queridos ya estoy de vuelta-revuelta, aprendiendo siempre a volver. a salir y entrar. a ir, volver, volverme a ir, quedarme, salir. lisboa siempre es un regalo, pero el pedras ha sido especialmente-especial. la espectacularidad no espectacular de lo
e agora?
ontem foi a conversa pós e pré pedras—mesmo sabendo que ainda não temos distância para articular em palavras o que foi (e continua sendo) o pedras12 estivemos 4horas e meia trazendo ao ar questões que se fizeram visíveis pelo caminho—a
e agora?
ontem foi a conversa pós e pré pedras—mesmo sabendo que ainda não temos distância para articular em palavras o que foi (e continua sendo) o pedras12 estivemos 4horas e meia trazendo ao ar questões que se fizeram visíveis pelo caminho—a
vivemos sobre coincidências? ou é mesmo real?
Ontem acordei com programas sobre a Mouraria…parecia que não tinha saído do sonho ou do pesadelo. Primeiro foi na televisão, a seguir na rádio. O discurso multiplicava-se em redor de empreendedorismo, eficácia, eficiência, competitividade… e turismo, claro. O modelo que
vivemos sobre coincidências? ou é mesmo real?
Ontem acordei com programas sobre a Mouraria…parecia que não tinha saído do sonho ou do pesadelo. Primeiro foi na televisão, a seguir na rádio. O discurso multiplicava-se em redor de empreendedorismo, eficácia, eficiência, competitividade… e turismo, claro. O modelo que
recado da bela do mercado
um dia deixei o caderno na bela para ela escrever com calma o que achasse que lhe apetecia dizer às pessoas, mesmo às que não conhece, e ela escreveu assim:
recado da bela do mercado
um dia deixei o caderno na bela para ela escrever com calma o que achasse que lhe apetecia dizer às pessoas, mesmo às que não conhece, e ela escreveu assim:
Continuar
Continuar para mim é uma prática de vida… Como tenho experienciado na frase do filósofo que trouxe Maria Filomena Molder: “Primeiro capítulo, continuar, segundo capítulo, começar” Alain, Minerve ou de La Sagesse – é preciso continuar para poder começar… é preciso
Continuar
Continuar para mim é uma prática de vida… Como tenho experienciado na frase do filósofo que trouxe Maria Filomena Molder: “Primeiro capítulo, continuar, segundo capítulo, começar” Alain, Minerve ou de La Sagesse – é preciso continuar para poder começar… é preciso
uma história
nesta ultima conversa na rua em que falámos de escola uma das crianças dizia que a disciplina de história deve ser para contar o que aconteceu—como cada um acontece à sua maneira eu vou contando o que os meus olhos
uma história
nesta ultima conversa na rua em que falámos de escola uma das crianças dizia que a disciplina de história deve ser para contar o que aconteceu—como cada um acontece à sua maneira eu vou contando o que os meus olhos
o corpo em lugar nenhum—começar
as 7 e meia da tarde ainda não tinha comido nada—não tenho fome—estou em lugar nenhum mesmo vendo a aresta da faca—hoje de manhã falava-se na televisão e na rádio sobre grandes empreendedorismos para a mouraria—se o corpo estivesse em
o corpo em lugar nenhum—começar
as 7 e meia da tarde ainda não tinha comido nada—não tenho fome—estou em lugar nenhum mesmo vendo a aresta da faca—hoje de manhã falava-se na televisão e na rádio sobre grandes empreendedorismos para a mouraria—se o corpo estivesse em
Intensidade
Que linhas detecto como intensas? Se calhar não tanto aquelas que me fazem sentir qualquer coisa, e mais as que me permitem ser qualquer coisa. Quando assisto a espectáculos penso frequentemente que o que estou a ver é para me
Intensidade
Que linhas detecto como intensas? Se calhar não tanto aquelas que me fazem sentir qualquer coisa, e mais as que me permitem ser qualquer coisa. Quando assisto a espectáculos penso frequentemente que o que estou a ver é para me